sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Das molas, mais malucas


Por fim, não sei bem ao certo, se meu dia termina ou começa, sabe quando realmente se dá conta que é adulta, mesmo sendo chamada de pirralha na rua só por estar usando um par de all star vermelho, um jeans e uma blusa xadrez com capuz. Algo de errado nisso? Sim, muito,pois estou pairando para um pouco longe da casa dos trinta anos, mas uma coisa não deixo morrer dentro de mim: a garotinha que teve a primeira lombriga por causa de uma "mola maluca". Lembram daquela coisa desengonçada, cheia de cores, ou não, que fazia um movimento de vai e vem? Yapp! Esse brinquedinho inofensivo, quase me colocou em morte. Lembro-me que mamãe não a encontrava de maneira alguma; a "maluca" estava em falta. E eu, com constantes febres, sem me alimentar, deixando meu psicológico gritar, (era meu cérebro pequeno de informações, porém enorme de quereres, trabalhando). E um belo dia, mamãe encontrou a "mola", quando vi que era de plástico,meu sorriso não brilhou como deveria. Eu queria uma mola maluca de metal, aquelas estilo ouro velho, achava linda; hoje sei porque a queria tanto: se assemelhava a uma pulseira que aberta pegava o braço inteiro, uhu! Eu nunca fui uma criança "pidonça", tudo que ganhava, era de bom agrado, porém, a lombriga sentiu que a "maluca" não era de ouro velho; foram muitas conversas com a bicha e ela emburrada aceitou aquela "mola" de plástico rosa-choque. Bom, foi com 4 anos que decidi que a cor rosa não faria parte da minha vida, e não era pelo fato da mola não ser de metal, mas a cor realmente não me agradou e pouco me agrada. Engraçado que dias atrás falava com minha irmã sobre meu sobrinho que estava com lombriga por causa de uma fantasia de homem-aranha, e comentei com ela sobre a minha mola maluca rosa-choque "piri, piriguete" que ao longo dos anos foi quebrando, e se tornou esquecida, realmente não sei o seu fim,bom até sei, o seu fim foi ter marcado a minha infância. Acho que um mês atrás, indo para Curitiba, sentei-me do lado de uma adolescente de quinze anos, e logo percebi que ela usava muitas pulseiras prata, que refletiam a idéia da mola maluca de metal. Papo vai, e papo vem, disse que as pulseiras eram bonitas e que me fizeram recordar um momento do início do meu querer na infância. Ela apenas me respondeu que sabia o que era porém nunca tivera uma, que não achava graça. Pensei, sobre o ponto de vista dela durante o resto da viagem, e logo próximo ao nosso destino, disse que a graça da mola maluca era sentir a infância no movimento de vai e vem, poder imaginar sonhos indo e vindo e de vez enquando enrolá-la no pescoço para dizer que tinha o colar mais incrível da face da terralândia, e sua reação foi olhar ao lado e voltar ao meu olhar com um sorriso estilo "mola maluca".

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